sábado, 4 de junho de 2016

Como me despedi de um amor!

    Em todos os sonhos da minha adolescência eu te incluía, menina! Imaginava como seria bom te abraçar para comemorar uma vitória, sua ou minha. Passava horas escutando aquela música que você gostava só pra imaginar nós dois numa tarde de sábado tomando sorvete na praça e falando sobre como tinha sido nossa semana. Nos meus livros, nas minhas músicas, nos meus filmes preferidos seus olhos sempre estavam lá, me levando a um momento de reflexão intenso que fazia tudo ao meu redor congelar e no centro de tudo, nós dois, intimamente abraçados.
    O meu primeiro pensamento sempre que me acontecia algo bom era te procurar e ver nos seus olhos a alegria por saber que estava tudo bem comigo, e quando acontecia algo ruim, eu só queria me esconder nos seus braços macios e te ouvir dizendo “Está tudo bem”. Saber que você não estava bem fazia meu dia ficar cinza e eu só pensava em algo que eu pudesse fazer para que você melhorasse.
    Depois de anos me escondendo reconheci que o que eu sentia era amor e no momento de minha declaração você mostrou que o meu amor era acima de tudo, um amor unilateral. Foram várias tentativas em vão, várias músicas e vários textos que não surtiram efeitos em você. No início da minha dor eu te culpava por tudo, por todos os abraços que você me dava, todos os sorrisos, todas as trocas de carinho, no início você era a vilã. Mas a dor foi passando e eu pude entender que a maior crueldade da vida é fazer com que a gente sinta por algumas pessoas algo que elas jamais poderão sentir por nós. É um fato!
   

    Desapegar de tudo que me prendia a você não foi um trabalho fácil. Foi um trabalho duro, cansativo e o pior de tudo, silencioso e solitário. Todas as músicas que deixei de ouvir, todos os post-its que eu precisei arrancar para não abrir uma ferida em mim ao ler as passagens marcadas, doeu. Você seguia sua vida tranquilamente, sem se importar, e eu em uma batalha dia após dia com um impasse interior e muito pessoal.
     O que eu sentia foi como uma dessas chuvas que começam às dez horas da noite quando você está se arrumando pra sair, estragando a sua noite e o seu passeio. E então você vai dormir e percebe que dormir ao som daquela chuva é bom, mas que você poderia estar fazendo algo melhor na rua e de repente você dorme chateado com aquela chuva barulhenta e assustadora. E ao acordar você percebe que faz sol e nos fios os passarinhos cantam, fazem ninhos e buscam alimentos para seus filhotes. O período que estive apaixonado por você foi assim, mas graças a Deus, o dia amanheceu com um sol (Big Sun), me enchendo de sentimentos bons.
    Eu precisei escolher: Continuar vivendo com este amor dentro do meu coração me causando injúrias ou afogá-lo e sofrer a dor da despedida? E te confesso que ao vê-lo afogando e despedir de um sentimento que carreguei anos dentro de mim não foi fácil, mas era o melhor e o necessário para mim naquele momento. Hoje eu ainda te vejo, com um olhar totalmente respeitável e feliz. Mas eu jamais me engano novamente, pois tenho a certeza, que um futuro sem você do meu lado vai ser mais tranquilo e saudável, sem desilusões, dores e ausência de reciprocidade.
    Uma coisa eu aprendi na vida, que tudo serve de lição. Foi um período ruim da minha vida. Mas a desilusão e o amor platônico me fizeram enxergar algo bom em mim: a capacidade de amar e fazer tudo pela pessoa amada. Esquecer o que eu sentia por você me abriu a porta para sair em busca de alguém que vai sentir o mesmo por mim. Hoje a única lembrança que eu guardo do que eu sentia por você é o aprendizado que levarei para o meus filhos, lhes ensinarei a escolherem bem os seus amores.

E a música de hoje não podia ser outra, como diz na própria letra: "A vida sempre continua (...)"!
Obrigado por ler até aqui, em breve novos textos! 



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