terça-feira, 21 de junho de 2016

Como entrei no mundo da leitura!

    Durante toda a minha infância eu fui uma criança muito levada. Acordava às seis da manhã e ia direto para o quintal catar mangas que o vento derrubou durante a noite, subir nos pés de jabuticaba ou conversar com o meu avô enquanto ele rachava lenhas para o fogão a lenha. Subia tranquilamente em árvores gigantes deixando minha mãe, vó, tia, todas de pernas bambas enquanto eu me divertia no pico de uma árvore para balançar as galhas e verem as frutas despencando.  Era muito elétrico, mas tinha a bateria fraca. Seis horas da tarde eu já estava deitado no sofá pronto pra dormir.
    Um belo dia na escola eu resolvi visitar a biblioteca, se eu não me engano eu tinha uns onze anos e resolvi escolher um livro pra levar para casa. Acabei escolhendo o livro Menino de Engenho do José Lins do Rego. Lembro até hoje da capa amarela e isso me enche de saudades. Estudava de manhã e então na parte da tarde resolvi pegar o livro e ir para o quintal, sentei debaixo de um pé de manga (o quintal de casa tinha vários) e comecei a ler. E nas primeiras páginas eu li sobre uma criança, o Carlinhos, que viu seu pai matar sua doce, carinhosa e gentil mãe. Naquele momento eu senti a dor daquela criança e foi então que decidi ser amigo dele. E a partir de então eu entendi que nas páginas daquele monte de livros da biblioteca da escola havia personagens que poderiam ser meus amigos.
   Terminei de ler o livro encantado com todas as aventuras do Carlinhos no Engenho de seu avô, e me identificando  com ele em vários momentos. Entreguei o livro assim que eu terminei de ler e já peguei outro, ansioso para conhecer os meus novos amigos que estavam dentro daquelas páginas. Uns três anos depois disso eu me lembro de ter lido Hilda Furacão, e que pena eu senti daquela mulher rodeada de homens, mas presa em uma solidão triste e amargurada.
   E foi assim que eu me enfiei neste incrível mundo literário. Depois do meu primeiro amigo Carlinhos eu já tive vários outros amigos. Já me encontrei com pessoas que eu detestei e outras que eu quis abraçar e participar de algum momento especial com elas. Hoje os livros são minhas melhores companhias, sempre na mochila, na mesinha de estudo, na estante, na cômoda, estão por todo lado, gosto dessa coisa de ter meus amigos perto o bastante.



     Acredito que os livros ajudam a me tornar uma pessoa melhor e que não é necessário  ficar horas a fio lendo páginas e mais página sem permitir que dentro de mim algo mude pra melhor. Os livros me deixam mais humano e me fazem enxergar um mundo onde consigo conviver com a diversidade entendendo que ela é um fato natural da sociedade. Depois de visitar tantos mundos, conhecer tantos personagens, rir e chorar com eles eu só posso ter a certeza de uma coisa, na companhia de um livro eu jamais estou sozinho. 

Fiquem então com a música "Livros" do Caetano Veloso e obrigado por ler até aqui! E podem ter certeza que realmente "Os livros são objetos transcendentes.."


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