sexta-feira, 24 de junho de 2016

Dor...

   Nunca estamos preparados para lidar com a dor, às vezes ela chega sorrateiramente e vai mordiscando ao redor de nossa alma devagarzinho e quando percebemos, ela já a tomou por completo, outras vezes ela chega como uma grande tempestade em um lindo dia de sol, inesperada, surpreendente, nos chocando. 
     A dor pode ter vários agentes  causadores: a traição, o desafeto, a discórdia, a solidão, a depressão, mas a pior dor, é a dor da perda. Ninguém está preparado para perder, e ninguém gosta, quando se trata de perder alguém então, aí a dor é extensa, descomunal, monstruosa! Tentamos de toda maneira repor a presença de alguém, mas não existe nada que possa fazer quanto a isso. 


   Cada pessoa tem seu jeito singular de ser, cada uma tem suas emoções, seus medos, suas falhas, seus equilíbrios e seus sonhos. Um dia nossos corpos irão desintegrar, voltaremos ao pó, o que restará de nós serão nossas lembranças, nossas atitudes tomadas aqui ditarão quem fomos. A dor da perca nos machuca tanto, pois sempre sofremos por perder alguém que nos marcou de alguma forma. 
     Que nosso objetivo na vida seja marcar positivamente a vida das pessoas, não para que elas sofram ao lembrar de nós, mas para que sempre se abra um sorriso aliviando a dor que mora no coração. Existem almas clamando por um pouco de atenção, um pouco de amor. A realidade de muitos são os nossos pesadelos. As mais simples atitudes, se converterão nas mais nobres se dermos a elas créditos e liberdade. Viva e permita a vida dos que estão ao seu lado.

Sugestão de música abaixo! Obrigado por ler até aqui! ^^ 
"De repente, a gente vê que perdeu ou está perdendo alguma coisa morna e ingênua que vai ficando no caminho, que é escuro e frio, mas também bonito, porque é iluminado pela beleza do que aconteceu a minutos atrás."

terça-feira, 21 de junho de 2016

Como entrei no mundo da leitura!

    Durante toda a minha infância eu fui uma criança muito levada. Acordava às seis da manhã e ia direto para o quintal catar mangas que o vento derrubou durante a noite, subir nos pés de jabuticaba ou conversar com o meu avô enquanto ele rachava lenhas para o fogão a lenha. Subia tranquilamente em árvores gigantes deixando minha mãe, vó, tia, todas de pernas bambas enquanto eu me divertia no pico de uma árvore para balançar as galhas e verem as frutas despencando.  Era muito elétrico, mas tinha a bateria fraca. Seis horas da tarde eu já estava deitado no sofá pronto pra dormir.
    Um belo dia na escola eu resolvi visitar a biblioteca, se eu não me engano eu tinha uns onze anos e resolvi escolher um livro pra levar para casa. Acabei escolhendo o livro Menino de Engenho do José Lins do Rego. Lembro até hoje da capa amarela e isso me enche de saudades. Estudava de manhã e então na parte da tarde resolvi pegar o livro e ir para o quintal, sentei debaixo de um pé de manga (o quintal de casa tinha vários) e comecei a ler. E nas primeiras páginas eu li sobre uma criança, o Carlinhos, que viu seu pai matar sua doce, carinhosa e gentil mãe. Naquele momento eu senti a dor daquela criança e foi então que decidi ser amigo dele. E a partir de então eu entendi que nas páginas daquele monte de livros da biblioteca da escola havia personagens que poderiam ser meus amigos.
   Terminei de ler o livro encantado com todas as aventuras do Carlinhos no Engenho de seu avô, e me identificando  com ele em vários momentos. Entreguei o livro assim que eu terminei de ler e já peguei outro, ansioso para conhecer os meus novos amigos que estavam dentro daquelas páginas. Uns três anos depois disso eu me lembro de ter lido Hilda Furacão, e que pena eu senti daquela mulher rodeada de homens, mas presa em uma solidão triste e amargurada.
   E foi assim que eu me enfiei neste incrível mundo literário. Depois do meu primeiro amigo Carlinhos eu já tive vários outros amigos. Já me encontrei com pessoas que eu detestei e outras que eu quis abraçar e participar de algum momento especial com elas. Hoje os livros são minhas melhores companhias, sempre na mochila, na mesinha de estudo, na estante, na cômoda, estão por todo lado, gosto dessa coisa de ter meus amigos perto o bastante.



     Acredito que os livros ajudam a me tornar uma pessoa melhor e que não é necessário  ficar horas a fio lendo páginas e mais página sem permitir que dentro de mim algo mude pra melhor. Os livros me deixam mais humano e me fazem enxergar um mundo onde consigo conviver com a diversidade entendendo que ela é um fato natural da sociedade. Depois de visitar tantos mundos, conhecer tantos personagens, rir e chorar com eles eu só posso ter a certeza de uma coisa, na companhia de um livro eu jamais estou sozinho. 

Fiquem então com a música "Livros" do Caetano Veloso e obrigado por ler até aqui! E podem ter certeza que realmente "Os livros são objetos transcendentes.."


sábado, 4 de junho de 2016

Como me despedi de um amor!

    Em todos os sonhos da minha adolescência eu te incluía, menina! Imaginava como seria bom te abraçar para comemorar uma vitória, sua ou minha. Passava horas escutando aquela música que você gostava só pra imaginar nós dois numa tarde de sábado tomando sorvete na praça e falando sobre como tinha sido nossa semana. Nos meus livros, nas minhas músicas, nos meus filmes preferidos seus olhos sempre estavam lá, me levando a um momento de reflexão intenso que fazia tudo ao meu redor congelar e no centro de tudo, nós dois, intimamente abraçados.
    O meu primeiro pensamento sempre que me acontecia algo bom era te procurar e ver nos seus olhos a alegria por saber que estava tudo bem comigo, e quando acontecia algo ruim, eu só queria me esconder nos seus braços macios e te ouvir dizendo “Está tudo bem”. Saber que você não estava bem fazia meu dia ficar cinza e eu só pensava em algo que eu pudesse fazer para que você melhorasse.
    Depois de anos me escondendo reconheci que o que eu sentia era amor e no momento de minha declaração você mostrou que o meu amor era acima de tudo, um amor unilateral. Foram várias tentativas em vão, várias músicas e vários textos que não surtiram efeitos em você. No início da minha dor eu te culpava por tudo, por todos os abraços que você me dava, todos os sorrisos, todas as trocas de carinho, no início você era a vilã. Mas a dor foi passando e eu pude entender que a maior crueldade da vida é fazer com que a gente sinta por algumas pessoas algo que elas jamais poderão sentir por nós. É um fato!
   

    Desapegar de tudo que me prendia a você não foi um trabalho fácil. Foi um trabalho duro, cansativo e o pior de tudo, silencioso e solitário. Todas as músicas que deixei de ouvir, todos os post-its que eu precisei arrancar para não abrir uma ferida em mim ao ler as passagens marcadas, doeu. Você seguia sua vida tranquilamente, sem se importar, e eu em uma batalha dia após dia com um impasse interior e muito pessoal.
     O que eu sentia foi como uma dessas chuvas que começam às dez horas da noite quando você está se arrumando pra sair, estragando a sua noite e o seu passeio. E então você vai dormir e percebe que dormir ao som daquela chuva é bom, mas que você poderia estar fazendo algo melhor na rua e de repente você dorme chateado com aquela chuva barulhenta e assustadora. E ao acordar você percebe que faz sol e nos fios os passarinhos cantam, fazem ninhos e buscam alimentos para seus filhotes. O período que estive apaixonado por você foi assim, mas graças a Deus, o dia amanheceu com um sol (Big Sun), me enchendo de sentimentos bons.
    Eu precisei escolher: Continuar vivendo com este amor dentro do meu coração me causando injúrias ou afogá-lo e sofrer a dor da despedida? E te confesso que ao vê-lo afogando e despedir de um sentimento que carreguei anos dentro de mim não foi fácil, mas era o melhor e o necessário para mim naquele momento. Hoje eu ainda te vejo, com um olhar totalmente respeitável e feliz. Mas eu jamais me engano novamente, pois tenho a certeza, que um futuro sem você do meu lado vai ser mais tranquilo e saudável, sem desilusões, dores e ausência de reciprocidade.
    Uma coisa eu aprendi na vida, que tudo serve de lição. Foi um período ruim da minha vida. Mas a desilusão e o amor platônico me fizeram enxergar algo bom em mim: a capacidade de amar e fazer tudo pela pessoa amada. Esquecer o que eu sentia por você me abriu a porta para sair em busca de alguém que vai sentir o mesmo por mim. Hoje a única lembrança que eu guardo do que eu sentia por você é o aprendizado que levarei para o meus filhos, lhes ensinarei a escolherem bem os seus amores.

E a música de hoje não podia ser outra, como diz na própria letra: "A vida sempre continua (...)"!
Obrigado por ler até aqui, em breve novos textos!